Frutificação no Ribeira
O Vale do Ribeira se mostrou um local ideal para uma residência artística, a geografia, o clima, a história e o convívio que ele proporciona enriqueceram as produções de forma única. Além de permitir um contato direto com a natureza, que sempre foi questão fundamental dentro de minha produção.
Para essa vivencia me propus a minimizar todas as comunicações, telefone ou internet somente eram usados para mensagens rápidas, favorecendo assim as relações locais e mais diretas.
Acredito que a imersão que alcancei foi sentida por todos os participantes da residência, sendo por conta do isolamento geográfico proposital ou do acordo silencioso de convívio real.
Observando como cada artista pensa, se relaciona com o meio e produz novos trabalhos, foi inevitável ver as poéticas se cruzarem, os materiais se mesclarem e as ideias germinarem.
Em certos momentos todos os artistas se encontravam no mesmo espaço concentrados com seus materiais, mas o silêncio não perduravam muito, logo as conversas informais, opiniões, questionamentos e trocas surgiam, gerando a oportunidade de falar abertamente sobre um trabalho em andamento, o que não é experiência fácil, é necessário abertura de ambas as partes. Neste momento tive o prazer de revisitar minhas motivações e redescobrir os caminhos percorridos por minha poética.
Os matérias que costumo utilizar ganharam novos contornos, o local exerceu força sobre a matéria, inseriu novos elementos e nesse encontro/embate tantas outras questões surgiram, assim me aprofundando um pouco mais em minhas próprias questões e poética.
Para a residência se faz necessário estar aberto, ao convívio, as experiências e as percepções. Uma troca com o espaço, com as pessoas e a cultura local.
Um encontro fortuito que é fértil por natureza, ramifica e frutifica.
Ariel Spadari
Fev.2016
Registros da produção da obra GRAVIDADE durante o período de residência artística no Vale do Ribeira em 2016